O espaço vazio junto à Igreja da Consolação em São Paulo foi batizado de Praça Roosevelt em 1945, conforme notícia na página 2 do Estado de São Paulo de 25/10/1945:
No século 19, o terreno da praça Roosevelt fazia parte de uma chácara que Dona Veridiana e Martinho Prado possuíam ali e cuja sede era vizinha à Igreja da Consolação:
No mapa Sara Brasil de 1930, que mostra São Paulo antes das obras de Prestes Maia (interventor pela ditadura Vargas entre 1937-1945) o casarão ainda resistia. Quando Dona Veridiana se mudou para o palacete em Higienópolis (1885), cedeu a chácara para as irmãs da Ordem de São José. O casarão foi demolido nos anos de 1940, parte das grandes desapropriações de Prestes Maia.
Por mais de duas décadas a igreja da Consolação ficou cercada por uma área vazia que servia de estacionamento e espaço para feira livre.
A antiga praça Roosevelt serviu de cenário no filme Noite Vazia, as personagens Mara e Regina, vividas por Norma Bengell e Odete Lara, são deixadas num local ermo quando o dia amanhece. A câmara focaliza o carro se aproximando com a grande igreja atrás, as moças descem e depois a câmara se afasta explorando a desolação do espaço.
A segunda versão da praça Roosevelt foi criada junto com a ligação expressa Leste-Oeste, a via atravessou a antiga praça numa cota mais baixa, em trincheira. Foi concebida então uma superlativa praça-edifício que reconstituiu o antigo terreno da Roosevelt sobre a via expressa.
A nova praça-edifício foi inaugurada em 25 de janeiro de 1970 e assim persistiu por quase 40 anos, até o início das obras de reforma do espaço em 2009.
Com excesso de níveis, ligados por rampas ou escadas, por vezes meio escondidos, a apreensão do espaço era difícil para o usuário. Muitos dos elementos empregados bloqueavam a visão – diferenças de cota de nível, muretas protetoras inclinadas, floreiras altas – e contribuíram para a compartimentação do espaço. Um programa muito extenso, com demanda de espaços cobertos: supermercado, correio, floricultura. O abuso de formas geométricas – pentágono, elipse, cilindros, diversidade de ângulos e curvas – também contribuiu para a pouca clareza do desenho. O fato é que os espaços de comércio acabaram fracassando e os sinais de declínio já estavam fortes em meados da década de 1980. Em 1995 a EMURB, após tentar melhorias paliativas, entendeu que a única solução para a praça seria a demolição do excesso de massa construída. Em: http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/view/61920/64747
Na sua terceira versão, a praça Roosevelt voltou a ser conformada pelos edifícios do entorno. As obras de reforma da praça terminaram em 2012, com algumas alterações em relação ao projeto: a área verde com playground ao lado da Igreja da Consolação não foi integrada à praça conforme o previsto, foi construída uma nova edificação para a sede da Polícia Militar junto aos quiosques, solução que interfere na praça – no projeto, a PM ficaria abaixo das escadarias junto à rua Augusta e junto à guarda metropolitana.
Mas, apesar dos percalços e de eventuais conflitos no uso do espaço, por exemplo com os skatistas, após a intervenção municipal, a cidade passou a contar com um espaço público mais qualificado do que aquele que havia antes, o que, no caso da área central de São Paulo, especialmente desde meados do século 20, não é pouco.
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