Matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo no dia 15/03/18, com o título “1.800 m com barreiras”, trata do emaranhado de fios que ameaçam o pedestre ao longo das vias contínuas: Alameda Nothmann e rua Silva Pinto. O Centro de São Paulo tem sido negligenciado pelo poder público, especialmente no quesito limpeza, entulho e obstrução de passeio público. Assim, a matéria poderia ter sido sobre quase qualquer via da região central. Mas é bom que tenha sido sobre a Nothmann.
A Alameda Nothmann é dessas ruas interessantes que bagunçam os mapas mentais das pessoas e mostram com seus 1.200 m – desde o início em continuação à rua Silva Pinto no Bom Retiro até seu final, quando morre na rua das Palmeiras em Santa Cecília – que os bairros do Bom Retiro e de Santa Cecília são muito próximos.
Outro interesse da Nothmann é o acúmulo de equipamentos culturais. Na esquina com a Alameda Cleveland (alameda Cleveland n. 601) funciona desde 2005, o Museu da Energia de São Paulo, instalado num casarão construído na última década do século 19 e que pertenceu à família do Alberto Santos Dumont.
Logo adiante fica o Sesc Bom Retiro, na alameda Nothmann, 185, projeto do arquiteto Leon Diksztejn, inaugurado em 2011. O Sesc ocupa toda a frente da quadra entre as alamedas Cleveland e Dino Bueno.
Na quadra seguinte fica o Teatro Grande Otelo, alameda Nothmann 233, que integra o complexo do Liceu Coração de Jesus – Colégio Salesiano, fundado em 1885. O teatro, com 734 lugares, passou por reforma entre 2009 e 2011.
Um pouco adiante, na esquina da Alameda Nothmann com a Alameda Barão de Piracicaba, fica o Espaço Cultural Porto Seguro, projeto dos arquitetos Yuri Vital e Miguel Muralha, inaugurado em 2016.
Por fim, na alameda Nothmann 1058, fica o grande Complexo Cultural FUNARTE. A área aberta ao público ocupa um conjunto de galpões com salas de espetáculo e de exposição, cujo acesso se dá por uma viela que une a alameda Nothmann à rua Apa. A viela conduz também aos fundos de um casarão antigo e mal mantido, que abriga uma Representação do Ministério da Cultura (frente para rua General Júlio Marcondes Salgado 234) e a um edifício da década de 1960 que abriga os escritórios da FUNARTE e da Fundação Biblioteca Nacional. Desde a década de 1920 o conjunto pertence à União, tendo abrigado inicialmente a Escola de Aprendizes Artífices do Estado de São Paulo. O casarão, que dá frente para a Rua General Julio Marcondes Salgado, foi projetado e construído no início da década de 1920 (engenheiro Samuel das Neves) para abrigar a escola.
A via interna da FUNARTE com a sequência de galpões. A construção azul é a fachada posterior do casarão da rua General Júlio Marcondes Salgado, com um anexo infeliz, especialmente tratando-se de uma instituição dedicada às artes.
One Response to “Alameda Nothmann: do Bom Retiro à Santa Cecília”
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Vale a pena atravessar estas ruas paradigmáticas do Centro.