A Praça da República no centro de São Paulo é um lugar de importância histórica, representativa e afetiva para milhares de pessoas. Quem vê a praça hoje não entende tanto abandono.
O Edifício da Escola Normal Caetano de Campos, projeto de Ramos de Azevedo, foi inaugurado em 1894. O paisagismo da praça, com as alamedas, o lago e as pontes, data de 1905.
O poder municipal de São Paulo, em suas várias repartições, possui imóveis próprios. Mas, parece considerar mais simples, sempre que necessário, dispor do espaço que é de acesso universal, para fazer frente a qualquer necessidade que surja.
Na foto aérea de 1958, a praça ainda se mantinha íntegra. Na década de 1970, o poder público municipal retirou um trecho grande da praça, para instalação da EMEI Armando de Arruda Pereira.
Com a situação de calamidade pública provocada pela covid-19, a prefeitura de São Paulo, por meio das Secretarias Municipais de Turismo e de Assistência e Desenvolvimento Social, lançou a ação “Vidas no Centro”, com o objetivo de oferecer condições básicas para higiene pessoal da população em situação de rua. Pela comunicação da prefeitura na época, ainda dentro da ideia de que banho cercearia a proliferação do coronavírus. Por mais louvável e necessária a iniciativa, as tendas tinham mesmo que ser instaladas em praças públicas?
São Paulo convive com as tendas ao lado do Caetano de Campos há 1 ano e meio. Até quando? A prefeitura não tinha mesmo nenhum outro lugar? Esse equipamento tinha mesmo que estar ali? Tapando a vista do Caetano de Campos? Atravancando o acesso ao metrô?
Em 2020, a prefeitura de São Paulo restaurou o coreto da Praça da República. A obra custou R$ 235.748,37. O serviço foi concluído em julho de 2020. Hoje, o equipamento segue com a mesma função que tinha antes do restauro: abrigo de morador de rua. Um péssimo abrigo. O desenho da balaustrada sempre escondido pelos indefectíveis cobertores.
Ali ao lado, nos canteiros da praça, umas dez barracas improvisadas. Um arranjo de perde e perde. As pessoas, quer no coreto, quer nas barracas estão numa situação muito triste. A própria imagem do abandono. Digamos que a prefeitura, por omissão, se “desincumbe” ali da moradia de umas 40 pessoas.
Assim, outra parcela da praça começa a ficar cerceada, o cidadão por medo de qualquer agressão, por constrangimento ou tristeza deixa de usar a praça. Na década de 1960 havia patos no laguinho da praça, agora há carpas, com sorte, dá para ver uma tartaruga. É legal também.
Praça não é lugar de gente morar.
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