Abandono e mato alto, quase mata. No eixo fabril que se formou ao longo da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (São Paulo Railway), duas áreas estão tomadas pelo mato. Cada uma dessas duas áreas é contraparte de uma área de ocupação irregular, sua equivalente em área e formato. Além da proximidade com a linha férrea, essas áreas ocupadas por pessoas ou pela vegetação são áreas de propriedade do Estado, em suas diversas instâncias.
Campos Elíseos/Bom Retiro
A Favela do Moinho, de um dos lados do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, e uma área tomada pela vegetação do outro lado, bordejam o centro histórico de São Paulo, aproximadamente a 3 km da Sé, bem ali onde termina a Avenida Rio Branco.
A imagem aérea do ano 2000 mostra o terreno que hoje está ocupado com a Favela do Moinho com duas construções: os silos e as instalações fabris do antigo Moinho Central que havia funcionado ali.
A terceira edição do evento artístico Arte/Cidade propôs intervenções ao longo de 5 km da via férrea, chamando a atenção para o abandono da orla ferroviária central de São Paulo. A área ocupada pela Favela do Moinho pertenceu à RFFSA, cujos bens e litígios judiciais passaram para a União em 2007. Eventualmente o abandono deva-se também à indefinição jurídica sobre a posse dessas áreas.
Já com a favela ocupando o terreno e após um incêndio, a antiga instalação fabril do Moinho Central foi demolida pela prefeitura de São Paulo, após ser parcialmente implodida em janeiro de 2012.
2012: o mato crescendo de um lado, de outro, a área do edifício demolido, ainda vazia. Mas nada foi feito. E a favela ocupou.
Mooca
Com área consideravelmente menor, a Favela do Tamanduateí, de um dos lados da avenida Presidente Wilson e, do outro lado, uma área com estruturas de concreto abandonadas e tomadas pelo mato, estão em área histórica, no coração do antigo conjunto fabril da Mooca, a pouco mais de 4 km da Sé.
Uma matéria, de 04/02/2000, no jornal O Estado de São Paulo – “Sem-teto retirados do centro estão em prédio deteriorado” – informa que 80 famílias que ocupavam há cinco meses um edifício em precárias condições na rua Libero Badaró foram alojadas provisoriamente no esqueleto de um edifício na avenida Presidente Wilson, de acordo com a matéria, a estrutura era da Secretaria da Fazenda. Ainda segundo a matéria, dadas as precárias condições e umidade da construção, muitos preferiram ficar em barracas de lona.
Em 2011, o terreno vazio do outro lado da Presidente Wilson, de propriedade da Prefeitura de São Paulo, foi ocupado <https://www.saopaulo.sp.leg.br/blog/moradores-de-terreno-ocupado-denunciam-acao-de-policiais/> e, em 2012, as estruturas abandonadas do Governo do Estado já estavam desocupadas, mas nada foi feito ali. Aos poucos a área foi sendo tomada pelo mato.
Nos imóveis públicos espalhados pela cidade, a precariedade e o desperdício, lado a lado.
One Response to “Favelas do século 21”
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Que inércia do poder público!