Maio 2017 Foto FMM
O tratamento da rua Avanhandava – entre as ruas Martins Fontes e Martinho Prado – contrasta fortemente com a cidade ao redor. Uma reforma naquele trecho trocou todo o calçamento, enterrou os fios e ampliou as calçadas. O nível da rua foi erguido, de forma a forçar os motoristas a uma redução de velocidade. A reforma foi fruto de uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e a Associação de Restaurantes da rua Avanhandava.
A reforma da Avanhandava em 2006 – devidamente documentada no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=ZLaWH99j1z8
O leito da rua Avanhandava foi especialmente reduzido no encontro com a Martins Fontes, onde a ampliação das calçadas abriga plantas e excessos decorativos, formando uma barreira que reforça a excepcionalidade daquele enclave urbano.
Trecho da Planta da Cidade de São Paulo de 1924. Na cor laranja, as ruas Martinho Prado e Paim
De qualquer forma, o traçado curvo da Avanhandava chegou depois da cidade ao redor. Em 1924, o local onde hoje está a rua Avanhandava era parte do barranco do córrego Saracura.
Primeira página do Jornal Estado de São Paulo – edição de 17/02/1929
Mas pouco tempo depois, com a canalização do córrego e a construção da avenida Anhangabaú (depois chamada Nove de Julho), a encosta do barranco foi liberada para urbanização. Ali a Companhia City desenhou um enclave de bairro jardim, com a Avanhandava ligando a rua Martins Fontes à Paim. O loteamento foi anunciado com destaque na primeira página do jornal, com o Norte apontado para baixo.
Rua Avanhandava dezembro, 1957 foto Oswaldo Palermo Acervo Estadão
Na década de 1950, a Avanhandava era um enclave residencial já bem estabelecido, a foto foi tirada para ilustrar matéria sobre o trânsito na rua.
Mapeamento 1954 Vasp Cruzeiro
O Mapeamento de 1954 mostra o novo loteamento já bem ocupado. Porém, cerca de uma década e meia depois, o bairro do Bexiga foi cortado pela ligação expressa Leste-Oeste (trajeto aproximado em vermelho). A via expressa emerge sob a Praça Roosevelt (indicada em laranja) e corta em viaduto o antigo vale do Saracura (rua Avanhandava, avenida Nove de Julho e rua Santo Antônio). O mal traçado viaduto gerou espaços residuais: os baixos do viaduto e uma passagem de pedestres que vence, com trechos de escada, a ligação entre a avenida Nove de Julho e a rua Augusta. Essa passagem hoje é bem usada graças ao Mercado de Flores e ao sacolão municipal que ocupam os baixos do viaduto de ambos os lados da rua Avanhandava.
Maio 2017 Foto FMM
Sacolão sob o viaduto na Avanhandava e acesso de pedestres à rua Augusta
Maio 2017 Foto FMM
O Mercado das Flores sob o viaduto na Avanhandava – leite das pedras – e a passagem para a Nove de Julho
Maio 2017 Foto FMM
A passagem entre a Avanhandava e a Nove de Julho: aproveitamento de espaço residual. No alto a fresta entre o viaduto e o edifício
Maio 2017 Foto FMM
Na Avanhandava, o pedestre caminha entre o desenho “falso” do trecho dos restaurantes – que emula uma ideia de paisagem italiana antiga com vasos e chafarizes – e o desenho brutal da ligação viária Leste-Oeste, com sua crueza e total ignorância frente aos espaços gerados no nível do chão, tudo sobre uma base de desenho urbano de bairro-jardim. Só não dá para acusar o espaço público de monotonia.
5 Responses to “A rua Avanhandava, a Companhia City, viadutos e passagens”
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Má, continuo gostando muito de caminhar neste seu roteiro, pleno de informações e curiosidades, do centro da nossa São Paulo!!! Fico sempre com um gosto de quero mais!!! Beijão da Bel
Bel, muito bom seu incentivo!
Gostei muito! Parabéns!
Mô, que bom que gostou!
Mô, obrigada! Que bom que gostou!